Jamil Salem Barbar(){
Entrevista

Por: Douglas Antunes Rocha e Tiago Peres França


Apresentação:

O Prof. Dr. Jamil Salem Barbar é graduado em Engenharia Elétrica pela UFU (Universidade Federal de Uberlândia), e possui mestrado e doutorado em Engenharia Eletrônica e Computação pelo ITA (Instituto de Tecnologia Aeronáutica).

Hoje Jamil é professor e diretor da FACOM (Faculdade de Computação) na UFU. Tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase em Teleinformática, atuando principalmente em redes de computadores, QOS, wavelets, sistemas multimídia, computação forense e peer-to-peer.

Printf: Como foi seu processo de formação até se tornar professor da UFU?

Jamil: Quando somos crianças sempre temos uma vontade, sempre quis fazer eletrônica, desde pequeno eu consertava rádios, televisões, inventava coisas baseadas em eletrônica.

Eu vim de família humilde, aqui em Uberlândia tinha a UFU, com o curso de Engenharia Elétrica, então, mesmo querendo estudar eletrônica, resolvi fazer elétrica e depois tentar algo na área que eu queria.

Eu já entrei na faculdade querendo acabar logo com o curso, cheguei a fazer Economia e Administração em paralelo com o Engenharia Elétrica para dispensar matérias. No final das contas eu fui um dos poucos alunos que conseguiram se formar em quatro anos e meio naquela época.

Assim que formei, com o apoio dos meus pais, fui para o ITA fazer eletrônica aplicada. No ITA é diferente, você tem que ser bom, não adianta ser menos que isso. Houve uma situação interessante logo que entrei lá: numa das disciplinas foi pedido num trabalho que se fizesse um "Controlador de Vídeo Assíncrono", fiquei animado, pensei que aprenderia isso durante as aulas, mas quando perguntei ao professor quando aprenderíamos a matéria ele disse: "Não, o trabalho é seu, se vira!". Desesperado com o trabalho, encontrei um professor antigo meu, expliquei a situação e perguntei: "o que eu faço?". Ele olhou para mim e respondeu: "Jamil, o que você precisa?". Eu agradeci e disse que ele tinha me ajudado muito, percebi que ele não entendeu nada. Mas, naquele momento eu realmente vi que eu não precisava de nada, que eu já tinha tudo, eu só precisava ligar as pontas.

Fiz o trabalho e fiquei com cerca de nove pontos em dez, ótimo para quem ia tirar zero. Pra mim essa situação me ensinou um princípio de vida, hoje se você chega para mim e fala: "Eu tenho um problema", eu não vou dizer que não tem como resolver, eu já começo a pensar na solução. Eu não consigo mais ver um problema sem solução.

Se você chegar para mim e dizer: "Posso montar uma máquina do tempo?", eu vou parar e falar "vamos pensar aqui", vocês iriam me chamar de doido. Não existe nada que não tenha solução, é questão de tempo para você achá-la, pode ser que esse tempo seja um ano ou até toda sua existência, mas a solução existe.

Fiquei os primeiros seis meses sendo mantido pelos meus pais no ITA, eu precisava de uma bolsa. O pessoal da computação dizia que me queria lá, que podiam me oferecer uma bolsa, portanto segui para este lado, não pensei duas vezes, acabei fazendo Engenharia Eletrônica/Computação. Durante o mestrado trabalhei na Embraer, foi lá que eu desenvolvi minha tese, o DIANA, na área de IA. Após o mestrado, em 1987 prestei concurso para ser professor da FACOM, no mesmo processo seletivo entraram a professora Rita e o professor Marcelo Rodrigues. Em 1992 voltei ao ITA para fazer o doutorado, no qual trabalhei com redes de computadores. Em 1996 retornei à UFU.

linha do tempo

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