Por: Júlia Manfrin
Sobre o entrevistado

Rafael Dias Araújo
Rafael Dias Araújo é egresso do Bacharelado em Ciência da Computação, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). É aluno regular de mestrado no Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação na mesma instituição, na área de Ciência de Contexto, Recuperação de Conteúdo, Sistemas Web e Multimídia Interativos. Participou de um intercâmbio acadêmico entre o Institut National des Sciences Appliquées de Lyon (França) e a UFU, através de um acordo bilateral entre as universidades. Realizou um estágio na área de desenvolvimento de software na France Telecom. Atualmente trabalha com arquitetura de soluções para computação em nuvem.
printf: Poderia nos falar um pouco sobre a sua formação?Sou formado em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Uberlândia. Durante a graduação, participei do programa Microsoft Student Partners, um programa acadêmico da Microsoft. Além disso, participei de um intercâmbio acadêmico entre o Institut National des Sciences Appliquées de Lyon (França) e a UFU através de um acordo bilateral entre as universidades, momento em que também tive a oportunidade de fazer um estágio na área de desenvolvimento de software na France Telecom, uma das maiores empresas de telecomunicações da Europa. Atualmente trabalho com arquitetura e projeto de soluções Cloud na empresa Agentto, que é uma startup Uberlandense. Em paralelo, sou aluno de mestrado no Programa de Pós-graduação em Ciência da Computação da UFU com pesquisas relacionadas à Ciência de Contexto, Recuperação de Conteúdo, Sistemas Web e Multimídia Interativos. Possuo também uma certificação Microsoft de projeto e desenvolvimento de aplicações pra Windows Azure.
printf: Como surgiu seu interesse, há quanto tempo e em que contexto você se envolveu com computação em nuvem?Eu já tinha ouvido falar no termo “computação em nuvem”, mas nada que tivesse me chamado muita atenção. Há pouco mais 3 anos, quando estava no meu último período da graduação, comecei a fazer um estágio na empresa Invit, em Uberlândia. Poucos meses depois, um dos sócios da empresa submeteu o projeto denominado Guarda-Costas a uma subvenção da FINEP (o maior instrumento de apoio à inovação do país), o qual foi aprovado e deu-se início um ano depois. Na ocasião, fui transferido para esse projeto. O Projeto Guarda-Costas (atualmente seu nome foi alterado para Agentto) é um empreendimento focado principalmente em segurança pessoal, patrimonial e pública que explora extensivamente as mais recentes ondas de inovação tecnológica – computação contextual, ubíqua e elástica. As próprias características do projeto nos levaram à utilização de computação em nuvem e hoje vemos que o projeto não daria certo se fosse com outra tecnologia.
Conceito
printf: Para você, qual a melhor definição para o conceito de computação em nuvem e qual sua característica mais marcante?
A meu ver, são necessários vários conceitos para definir computação em nuvem. Mas acho que pode ser sintetizado na ideia de usarmos as aplicações de qualquer lugar e independente de plataforma em tempo real como se elas estivessem instaladas em nossos próprios computadores. Para mim, a característica mais marcante na computação em nuvem é a elasticidade, o que significa que o ambiente computacional da nuvem tem a capacidade de aumentar ou diminuir os recursos computacionais automaticamente de forma transparente ao usuário final.
printf: Nessa mesma linha, qual a principal contribuição que a computação em nuvem traz para a área de tecnologia de informação? Qual seu impacto em sistemas como a Web e as redes sociais?Acho que a principal contribuição que a computação em nuvem traz é a redução de custos com infraestrutura, pois não é necessário preocupar-se com hardware ou licenciamento de software, quem se preocupa com isso é o provedor do serviço. E, ainda, pagamos somente aquilo que utilizamos. Isso traz benefícios para os sistemas em geral, principalmente para Web e redes sociais. Por exemplo, um site de e-commerce em um período sazonal em que as vendas crescem muito, como o Natal, poderia alocar recursos computacionais automaticamente na medida em que o número de acessos ou mesmo o consumo de memória e processamento aumentam. Outro exemplo, no caso em redes sociais, o volume de dados costuma ser muito grande e com tendência de sempre aumentar. Com isso, algoritmos poderiam demorar muito para serem executados. Na computação em nuvem, podemos aumentar os recursos computacionais no momento da execução desses algoritmos e depois reduzi-los.
Histórico e evolução
printf: Apesar das origens da computação em nuvem serem obscuras, quando você diria que o termo e o conceito se consolidaram?
Não acredito que exista um único fato que tenha consolidado o termo computação em nuvem. Acho que vários fatores contribuíram para que isso acontecesse, desde a disseminação do acesso a internet banda larga até a crescente utilização de dispositivos móveis. A computação está cada vez mais onipresente. Com isso, não precisamos mais de computadores pessoais robustos, e sim uma banda larga suficiente para acessarmos nossas aplicações que estão rodando na nuvem.
printf: O modelo de computação em nuvem já sofreu críticas de personalidades como Richard Stallman, fundador da Free Software Foundation, que disse que tais sistemas “fazem com que as pessoas percam o controle de seus dados e aplicações”. Como você avalia o uso de computação em nuvem no que tange a liberdade e a privacidade dos usuários? Há problemas ou riscos potenciais?Como é uma tecnologia relativamente nova, em crescimento, com certeza ainda ficamos receosos quanto à liberdade e privacidade das nossas informações. Porém, todos os dias nós expomos informações pessoais na Internet quase inconscientemente. Além disso, aspectos de segurança das aplicações e dados devem ser levados em consideração, mesmo que em menores níveis. Não vejo que haja problemas e risco se tomarmos os devidos cuidados, visto que existem várias pesquisas em andamento no mundo todo sobre segurança da informação em computação em nuvem, que com certeza trará sempre melhorias nesse aspecto.
Mercado
printf: Baseado na sua experiência, como você avalia o mercado de computação em nuvem hoje, tanto em nível nacional quanto em nível regional?
O mercado de computação em nuvem está se consolidando a cada dia, seja com novas aplicações em diversos domínios, seja migrando aplicações legadas. Nem todas as empresas adotaram computação em nuvem ainda, porém imagino que em um futuro próximo o nosso modelo de computação atual seja chamado de legado.
printf: Na sua opinião, qual o perfil requisitado pelo mercado para esse profissional? Há certificações ou formação específica requeridas?A formação continua sendo dos cursos da área de T.I. Novamente, como a computação em nuvem está em crescimento, certificações e formação específica são diferenciais, porém não são necessariamente eliminatórias. O essencial é válido para todos os profissionais de T.I.: manter-se atualizado, ser proativo, conhecer a língua inglesa, não ter medo de mudanças e encarar desafios.
printf: Quais as principais plataformas de computação em nuvem atualmente disponíveis?Microsoft Windows Azure, Google App Engine, Amazon Elastic Compute Cloud (Amazon EC2), IBM Smart Cloud, Oracle Cloud, dentre outras.
printf: Quão realística você julga a premissa de que “um negócio pode ser colocado no mercado mais rápido usando infraestrutura e serviços da nuvem”?Considero totalmente verdadeira. Além de todas as vantagens da computação em nuvem que já comentei anteriormente, as quais influenciam direta ou indiretamente no processo de colocar um negócio no mercado, ainda tem a questão de deploy de aplicações, que é feito de forma mais simples e rápida em ambientes de nuvem.
printf: Poderia citar alguns exemplos de sistemas baseados em computação em nuvem que você julga interessantes?Já existem inúmeros sistemas baseados em computação em nuvem. Muitos deles nós nem imaginamos que estão na nuvem. Exemplos: Google Gmail, Google Maps, Google Docs, Microsoft Office 365, iCloud, amazon.com, Chrome OS, YouTube, Dropbox, dentre outros. Ah, o Agentto também é baseado na computação em nuvem!