Por: Felipe Brandão Costa e Jackson Andrade Goulart
printf: Baseado na sua experiência, como você avalia o mercado de Internet das Coisas hoje, tanto em nível regional quanto em nível nacional?
Luís Fernando: Na minha opinião, este ainda é um mercado em estágio embrionário, principalmente no Brasil, porém com grande potencial. Há muitos produtos novos aparecendo, mas ainda são pouco utilizados. O lado bom disso é que este mercado oferece grandes possibilidades de crescimento para quem participe dele. Pessoalmente, eu acredito que grande parte da inovação virá de pequenas empresas inovadoras, muitas suportadas por plataformas de crowdfunding, com as empresas de sucesso sendo compradas por empresas já estabalecidas (vide por exemplo a aquisição recente da Nest pelo Google). As grandes empresas possuem uma aversão ao risco que as impede de lançar produtos uimto ousados ou pouco convencionais, apesar de todos os recursos que têm à sua disposição. Essas empresas tendem a evitar o risco e explorar mercados já existentes - basta olhar por exemplo o mercado de smartphones, com uma infinidade de fabricantes e modelos que possuem recursos, fundamentalmente, muito parecidos.
printf: Na sua opinião, qual o perfil requisitado pelo mercado para esse profissional?
Luís Fernando: Vou responder apenas sobre profissionais da área técnica (fora da área gerencial, de negócios, etc.). É bem fácil notar que existe uma lacuna na disponibilidade de profissionais que atuam na interseção entre o hardware e o software, ou seja, entre o físico e o lógico. O problema é que os especialistas em hardware vêm da engenharia elétrica, com muito pouco conhecimento de software, e os profissionais de software lidam geralmente com software de alto nível (programação web, Java, etc.), possuindo muito pouco conhecimento de hardware. Este é praticamente um nicho na área de computação, onde existem poucos profissionais - relativamente bem remunerados, por serem raros. Na minha turma de graduação, de cerca de 40 alunos, talvez eu seja o único que seguiu este caminho. Se a Internet das Coisas se consolidar, eu acredito que este pode deixar de ser um nicho, e as pessoas com experiência nessa área serão cada vez mais requisitadas. Como estamos agora lidando com o mundo físico, é muito importante também o conhecimento geral de engenharia, como cálculo, estatística, física, etc. Não dá processar o dado de um sensor sem entender os gráficos e equações que constam nas especificações, por exemplo.