O Brasil produz 0,5 kg de lixo eletrônico per capita ao ano. Segundo relatório da ONU "Recycling - from E-Waste to Resources", é o país emergente que tem a maior taxa per capita de produção deste tipo de lixo, maior até do que a da China. Em contrapartida, as discussões acerca deste tema ainda estão apenas engatinhando em nosso país. O relatório afirma claramente que "... os resíduos eletrônicos não parecem ser uma prioridade para as associações federais representativas da indústria eletrônica..." no Brasil.
Em apenas 8% dos municípios brasileiros há algum tipo de coleta seletiva de resíduos domésticos. A maior parte do lixo eletrônico tem o mesmo destino do lixo comum: os aterros sanitários (ou, muitas das vezes, lixões a céu aberto). Pouquíssimos fabricantes têm um esquema para recolher os produtos descartados. Ainda assim, existem algumas entidades e empresas especializadas que coletam este tipo de lixo para dar-lhe o encaminhamento correto. Um exemplo é o Centro de Descarte e Reúso de Resíduos de Informática (Cedir) da Universidade de São Paulo (USP), inaugurado em dezembro do último ano. O objetivo do Cedir é ser um centro de captação de lixo eletrônico, onde este possa ser separado e encaminhado para a reciclagem. Porém, iniciativas como esta esbarram em outro problema: pouquíssimas são as empresas que processam este tipo de material aqui no Brasil. As que o fazem, ainda precisam mandá-lo a outros países para que sejam tratados e descontaminados, para só depois serem novamente reutilizados como matéria-prima.

Como se já não bastasse, o assunto também não parece ter nenhum tipo de prioridade para os gestores públicos, vide o tempo que o Projeto de Lei 203/1991 demorou para ser aprovado pela Câmara dos Deputados. Este projeto de lei, também conhecido como Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), após 19 longos anos de discussões, modificações e avaliações, foi aprovado no mês de março deste ano. O PNRS contempla todo tipo de resíduos sólidos, não exclusivamente o e-lixo. Apesar disso, contém um artigo que trata especificamente do lixo eletrônico. É o artigo 33 da PNRS, onde se estabelece que os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de produtos eletroeletrônicos devem estruturar e implementar sistemas de logística reversa (coleta de produtos usados) de forma independente do serviço público de limpeza urbana. Leia mais aqui.

Em Uberlândia, já foram implantados alguns projetos piloto para coleta seletiva, mas todos falharam ao esbarrar na falta de conscientização da população. "De nada adianta fazermos a coleta seletiva de porta em porta se as pessoas não fizerem sua parte dentro de suas casas", afirma Raul Perez, coordenador do Núcleo de Coleta Seletiva da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Uberlândia. Segundo ele, a maioria das iniciativas falham por não dispensarem a atenção devida à questão da conscientização. Hoje, o trabalho de conscientizar a população começa em seus locais de trabalho. "Pressionamos e fiscalizamos as empresas para que se adequem às exigências ambientais. Assim, esperamos que cada pessoa implemente em casa as posturas e práticas que lhes são cobradas no âmbito da empresa onde trabalha", diz Raul.
Agora que você sabe mais a respeito da TI Verde, está na hora de também começar a fazer sua parte:
- Antes de comprar, pense duas vezes se você realmente precisa de um novo aparelho.
- Dê preferência às empresas que fabricam e distribuem produtos limpos (consulte o Guia de Eletrônicos Verdes).
- Dê o fim apropriado aos aparelhos velhos, devolvendo-os ao fabricante sempre que possível.
- Conscientize seus familiares e amigos sobre como economizar energia elétrica em suas atividades com o computador (veja em Uso consciente). Quanto mais pessoas envolvidas, melhor.
São medidas que podem reduzir o consumo de recursos energéticos, diminuir o descarte incontrolado de tóxicos no meio ambiente e ajudam a fazem da nossa computação mais verde. São pequenas atitudes, mas fazem muita diferença para o nosso planeta. As futuras gerações agradecem.
Referências:
PNUMA
CEDIR
INFO Online
lixoeletronico.org
Greenpeace